Ela
Por Tânia Souza
Coração acelerado em suspiros, garganta em febre, meu rosto lentamente aproximou-se daquela beleza em mármore. Sua boca, um botão translúcido. Sim, beijei-lhe a boca descorada. O gélido destino selou-se naquele instante de loucura e dor. Que me importava a meia-noite, o silêncio, e os olhos congelados das esculturas que me espiavam na penumbra de um cemitério secular?
Profanei aquele que deveria ter sido o seu último lar. Suas vestes imaculadas, os cílios longos na face lânguida. E lhe roubei a tempo dos vermes e seres infectos que ousariam profanar seu corpo sacro.
Minha? Não, nunca o fora, nunca seria.
Senti minhas forças deixando-me quando o sopro que me animava era lentamente absorvidos pelos lábios que tanto amei. E eu apenas dormiria meu sono eterno naquele leito que por pouco tempo fora o dela.
Quase inerte no sono da morte, vislumbrei seu renascer.
Depois, anjo insano sorrindo-me ainda em nubladas fantasias, partiu na noite sombria.
Conto escrito para o 6º Desafio Literário do Fórum da Câmara dos Tormentos
Lindo.
ResponderExcluirSenti-me na pele dele... pude sentir o gélido beijo.
Adorei!
Beijos sangtrentos da vampira Laysha.
Humm...Senti o sabor das linhas naquela que outrora fora imaculada, minha faculdade ingnóbil, agora turva e sensível! T, que "cousa", estás a escrever como uma gigante!!! Mais, e mais, contos desta natureza!
ResponderExcluir"Ingnóbil"...ninguem, realmente ninguem, merece tal ofensa!
ResponderExcluirEntão, para olhos sensíveis e exigentes: Ignóbil!