7 de jul. de 2011

É Coisa de Boto - Criaturas do nosso folclore I


É Coisa de Boto

Por Tânia Souza

Ele é bonito. Bonito demais! 

Vai chegando assim, de mansinho, todo moço, todo jovem. Alinhado que só vendo. Nos bailes, as moças - donzelas ou não - conseguem desviar o olho não. Dançar assim deve ser até pecado. Ah, tentação!!!

E o chapéu sempre na cabeça? É parte do charme. A moça mais bonita de todas é sempre a mais sortuda. A escolhida. Depois, ninguém nem pra ver, tem passeio na beirinha do rio, sedução ao luar.

Mas voltar que é bom, ele volta não. Ele é criatura do rio.

A moça fica. E na barriga, cresce o filho do Boto. Chapéu era para esconder marca de Boto que mesmo parecendo moço, não sai.

Mais que isso, moça não conta não... povo fala por demais, mas vai saber o que a moça viu lá onde ninguém mais foi?

E ele, todo em rosa e cor, mergulhando pelos rios, sempre em busca das mais vistosas, nas festanças mais animadas... Algumas delas, voltam nunca mais.

Sei não seu moço, mas beleza assim, maldição da braba esconde.

É coisa de Boto. 


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