É Coisa de Boto
Por Tânia Souza
Ele é bonito. Bonito demais!
Vai chegando assim, de mansinho, todo moço, todo jovem. Alinhado que só vendo. Nos bailes, as moças - donzelas ou não - conseguem desviar o olho não. Dançar assim deve ser até pecado. Ah, tentação!!!
E o chapéu sempre na cabeça? É parte do charme. A moça mais bonita de todas é sempre a mais sortuda. A escolhida. Depois, ninguém nem pra ver, tem passeio na beirinha do rio, sedução ao luar.
Mas voltar que é bom, ele volta não. Ele é criatura do rio.
A moça fica. E na barriga, cresce o filho do Boto. Chapéu era para esconder marca de Boto que mesmo parecendo moço, não sai.
Mais que isso, moça não conta não... povo fala por demais, mas vai saber o que a moça viu lá onde ninguém mais foi?
E ele, todo em rosa e cor, mergulhando pelos rios, sempre em busca das mais vistosas, nas festanças mais animadas... Algumas delas, voltam nunca mais.
Sei não seu moço, mas beleza assim, maldição da braba esconde.
É coisa de Boto.
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