23 de jun. de 2010

Poleto e a ordem


No principio eram...
Vagas de um mar lá fora
Promessas
Números
E funções
Pareciam coordenadas
E retas
   ....  Depois
Ah, depois tomaram vida
Potenciaram ao máximo o ápice do caos
E sufocaram-no
Gargalharam verticulares
Sorvendo sangue e verbo
Calcularam milimetricamente
A triangular sedução

Pobres palavras destroçadas
Perdidas num mar de retas
Dos livros e sagas de outrora
Quedam-se
Obliquas e caladas
Aunque desesperadamente
Ainda sussurrem:
Escreva-nos...

Ah, que densa e absurda aritmética
Em meio ao turbilhão do dia lá fora
Poleto absorveu
Euclidianamente
               na fumaça de um vago trago
               o incógnito prazer
               do insano ser
e tudo parece possível
nas lógicas e inumeráveis equações de viver

Para meu amigo Poleto e as insanidades da vida! 

descaminhos



descaminhos

e quando sinto
absurdamente tristes
ponteiros em estilhaçado labirinto
é no silêncio que a dor 
de súbito emerge
é ainda calada que minh’alma chora
e aves de outrora pressinto

22 de jun. de 2010

No escuro

No escuro

Por Tânia Souza


Suores. Tremores. A respiração dificultada pela mistura rançosa de madeira e desinfetante. Sim, ele era um monstro oculto sob a cama aguardando sua vítima. Deleitando-se com pensamentos corrompidos. Nem sempre fora assim, porém, viciara-se no sabor amargo, no escuro inundando-o até sentir-se horrendo a ponto do acre na garganta parecer-lhe sangue.
Os pés da moça no quarto. O coração acelerado. A saia branca revelando-lhe a pureza de velhos dias. A pele febril de possibilidades e o suor escorrendo.  Um monstro e o trêmulo prazer de sê-lo.
Olívia suspirou. O jovem paciente do quarto 210 escondia-se. Podia ouvi-lo respirando pesadamente, os pés aparecendo sob a velha armação. Inclinou-se, estendeu as mãos e o chamou. Ele sorriu. As mãos esconderam a agulha pontiaguda e o rosto delicado nada revelou sobre os pensamentos recentes.
Naquela noite, o monstro já estava alimentado.

5 de jun. de 2010

Enluarada



          Ela se escondeu sob as cortinas, deixando que a noite costumeira a abraçasse, enquanto a televisão era desligada.. As sombras pareciam mover-se no quarto escuro, iluminado vagamente por uma fresta suave da luz que vinha do poste lá fora. Os passos subiram a escada. Ela continuou imóvel, os sons dos pés se afastando lentamente. Ouviu a porta do quarto ao lado se abrindo, para depois se fechar.

2 de jun. de 2010

O Fantasma do Mare Dei

Lançamento 

O fantasma do Mare Dei, de George dos Santos Pacheco, no dia 17 de julho, às 16:30h na Livraria Arabesco, em Nova Friburgo-RJ.