15 de jul. de 2011

Nana neném que a Cuca vem pegar - Criaturas do nosso folclore V

Ah criança, faz assim não. 
Lá fora, não é vento o que você escuta.
É a Cuca. 
Tânia Souza 

Assim como o Bicho-Papão, o Velho do Saco e outras doces criaturas do folclore, a Cuca surgiu para assustar a criançada. Principalmente, as mais teimosas e arteiras. É, não é fácil ser uma criança criativa quando esses seres lendários andam por perto.  

Criança sem sono? Pois o trechinho da cantiga garante o sono... “nana neném, que a cuca vem pegar...” só não garante que os pesadelos não venham. Afinal, “o papai ta na roça, a mamãe foi cozinhar,” e quem quer que seja que esteja cantando, não está muito interessado em ficar acordado, portanto... Quem gostaria de esperar para vê-la? 

Além da aparência metade mulher, metade jacaré, famosa pela versão televisava do Sitio do Pica-Pau-Amarelo, conforme o local onde ela reina, assume diferente aparência. 

Uma velhinha descabelada, corcunda, enrugada, rosto ameaçador, hummm... melhor não aprontar heim gurizada, pode ser a Cuca. 

Ou ainda, metade mulher, rabo de jacaré e cara de coruja? Cuca!

Mora em um pântano, caverna ou em um lugar bem escondido na mata? Cuca!

E é quando a noite chega, que ela sai. Para onde e por quê? Dizem - os que dizem coisas que nem sempre queremos dizer - que ela sai em busca de crianças insones, e para onde as leva... ahm, melhor nem saber.

8 de jul. de 2011

E enfim, ele levará sua alma... Criaturas do nosso folclore - IV



E enfim, ele levará sua alma...

Por Tânia Souza

Se o seu maior desejo for poder, muito poder, esta é a criatura certa (ou não) para você. Qual o preço? Oras, o preço é apenas um pequeno detalhe, sua alma quando enfim deixar de viver.

Conseguir um desses? Receitas são várias, e podem envolver pactos,  encruzilhadas, ovos de galinhas, ou galos (O.o) fecundados pelo próprio demônio, estrume, noites escuras na Quaresma, ovos embaixo das axilas, uma sexta-feira, etc etc.... Ah, e uma garrafa com tampa!

Mas tem certo charme, o pequenino que mora dentro da garrafa. E para que seu “diabinho familiar” cresça bem e forte, alimente-o com ferro ou aço moído.

Demônio da garrafa, Famaliá, Cramulhão, Capeta da Garrafa e Diabinho da garrafa são apenas alguns dos nomes da criatura.
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Fígado? Hum, delícia!! - Criaturas do nosso folclore - III


Fígado? Hum, delícia!!


Por Tânia Souza

Às vezes, sua aparência é absolutamente comum. Um homem caminhando pelas ruas, talvez meio sisudo, quase ameaçador, caso carregue algum saco. Deste, dizem ser apenas um encarregado de cumprir a tarefa e que o verdadeiro senhor, rico e poderoso, o aguarda. Não, não se trata do velho e conhecido Homem do Saco. Mas para os teimosos, o medo que causa é igual.

Doces, balas, brinquedos e outras coisas servem de encanto e atração, até ser tarde demais para quem se deixar enganar.

Em outras ocasiões, ele surge com “mais presença”, uma criatura inchada, pele macilenta, próxima a um tom esverdeado, unhas que lembram aves de rapina, orelhas pontiagudas e dentes afiados.

Suas vítimas favoritas? Crianças, de preferência teimosas, das quais suga o sangue e come-lhes o fígado.

Terrível? Não, questão de sobrevivência, por uma rara doença ou nefasta maldição, ele precisa dos fígados para viver.

A língua do povo encurtou-lhe o nome, mas não o medo.

É o Papa-figo!


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Cuidado com a língua - Criaturas do nosso folclore - II

Cuidado com a língua

Por Tânia Souza


Ele é gigantesco, tem o corpo coberto de pelos grandes e alongados. Quase um gorila.

Quase.

Dele não se sabe muito, apenas que ataca durante as noites, tem força incrível e hábitos alimentares peculiares.

Em sua folclórica dicotomia revela-se: metade homem, metade macaco. A criatura, quando com fome ataca com sua vitima, bicho ou homem, espanca e fere sem piedade até conseguir arrancar seu alimento favorito, a mais fina e escorregadia das iguarias: uma língua suculenta.

Ele é o Arranca-Línguas. 


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7 de jul. de 2011

É Coisa de Boto - Criaturas do nosso folclore I


É Coisa de Boto

Por Tânia Souza

Ele é bonito. Bonito demais! 

Vai chegando assim, de mansinho, todo moço, todo jovem. Alinhado que só vendo. Nos bailes, as moças - donzelas ou não - conseguem desviar o olho não. Dançar assim deve ser até pecado. Ah, tentação!!!

E o chapéu sempre na cabeça? É parte do charme. A moça mais bonita de todas é sempre a mais sortuda. A escolhida. Depois, ninguém nem pra ver, tem passeio na beirinha do rio, sedução ao luar.

Mas voltar que é bom, ele volta não. Ele é criatura do rio.

A moça fica. E na barriga, cresce o filho do Boto. Chapéu era para esconder marca de Boto que mesmo parecendo moço, não sai.

Mais que isso, moça não conta não... povo fala por demais, mas vai saber o que a moça viu lá onde ninguém mais foi?

E ele, todo em rosa e cor, mergulhando pelos rios, sempre em busca das mais vistosas, nas festanças mais animadas... Algumas delas, voltam nunca mais.

Sei não seu moço, mas beleza assim, maldição da braba esconde.

É coisa de Boto. 


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5 de jul. de 2011

Saci Saci

Saci saci  

No sítio do Seu Domingos
Certa noite fomos dormir
Acordamos assustados
Muito barulho por ali

De longe eu só ouvia
O assovio que arrepia
Era ainda tão guria
Na cama tremia

Os bichos espantados
A noite inteira de andanças
Os cavalos relinchavam
Lá fora estranhas festanças

Quando o sol nasceu
Foi aquela danação
No galinheiro um alvoroço
Penas por todo lado
E no pasto muito mais
O gado assustado
O Cocho virado
O Portão destravado
O Leite estragado
Tudo fora do lugar

Foi Saci, foi Saci, foi sim
Saci saci, vá para longe daqui
E Dona Domingas se benzia
Vendo as crinas trançadas
Dos cavalos suados

Foi o seu Tonho da Porteira
Que apareceu com a solução
Deixar naquela noite
De aguardente uma porção
De fumo do bom um montão
E tudo bem arrumadinho
Para contentar o brincalhão

E foi assim, foi sim, foi sim
Que no sitio dos Domingos
Nunca mais houve confusão

Tânia Souza

4 de jul. de 2011

A Irmandade



O site “A Irmandade está sendo oficialmente lançado hoje, dia 06/07/2011, e pretende ser mais do que simplesmente um site comum voltado à Literatura de Gêneros. Além das já tradicionais seções à publicação de contos, resenhas de livros, dicas de leitura, a proposta, em verdade, também é formar uma comunidade de pessoas que gostem da Literatura Fantástica. “A Irmandade” quer ser uma opção dinâmica, um point de encontro, entre as pessoas que gostam de escrever, ler, comentar, compartilhar opiniões, enfim, mostrar à apreciação de outros os seus contos ou projetos literários.

O grupo por trás da construção e manutenção deste novo espaço online tem história e já vinha acalentando este projeto há um bom tempo, passando por várias etapas em espaços virtuais diversos, como se poderá acompanhar na leitura de apresentação publicada na na sua própria homepage.

Algumas das pessoas envolvidas na feitura e filosofia do site têm experiências paralelas neste tipo de publicação, o que só faz enriquecer ainda mais a proposta como é o caso dos sites e blogues, Contos Fantásticos, Contos Grotescos, Mundo de Fantas, Arquivos do Barreto, Forum Câmara dos Tormentos, entre outros.

Portanto, fica aqui o convite para visitar o site, conhecer o Fórum, participar do Desafio Literário de julho. Todos os amantes da Literatura Fantástica serão muito bem vindos!