29 de mar. de 2010

febre

a lua gritava-me
rubra e triste 

no rio sangrento de estrelas
eram azuis os corvos do adeus

I CONCURSO DE MINI-CONTOS MASMORRA DO TERROR

Para comemorar os 10.000 acessos, o blog Masmorra do Terror, de Lino França Jr. promove o

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20 de mar. de 2010

vazio

E se ao menos o medo,
o velho e conhecido medo sobrevivesse, 
                       
                             talvez eu ainda, 
num fiapo qualquer de mim, 
em resquícios de febre
poderia viver se

(...)



mas embargada cala-se  a tola verve
de sufocantes cinzas vestem-se minhas retinas

E vazio queda-se o horizonte.
E vazia queda-se, triste ánima mia.

Um sorriso


Um sorriso
                         Para Celly Borges


Por que ela sorriria?
Os olhos brilhavam n´alguma sanha secreta
O riso era profundo
Quizá enfeitiçante
Tremi
         Tememos


O que tivera que ser
Fora!


E restava-nos a angústia da espera
Quando o sorriso dela
Revelasse enfim
O suplício d´algum ato mortal

À sombra nefasta de seu riso
A humanidade chora
- Cruel
A espera do castigo final.

                                                              Tânia Souza

16 de mar. de 2010

Algo Selvagem - Henry Evaristo

Hoje, passado um mês da partida inesperada do amigo e escritor Henry Evaristo, Descaminhos Sombrios inspira-se na ideia do Luiz Poleto, do blog Casa das Almas e como forma de homenagem,  publica um conto desse magnifico escritor. Angustiante, feroz, surpreendente e de certa forma, melancólico, Algo Selvagem - conto publicado no livro Um Salto na Escuridão -  é mais um retrato do talento único de Henry Evaristo.


CAPÍTULO I    

Só me disponho agora a relatar o que ocorreu na estrada do antigo presídio, durante a madrugada de 25 de dezembro de 1975, por que sinto subitamente uma incontida necessidade de aliviar, por pouco que seja, minha mente desta dúvida cruel que me assola há mais de 30 anos.  

Serei breve, muito breve, pois tudo aquilo ainda me assusta deveras e neste momento estou sozinho, é tarde da noite, e a escuridão grassa nos cantos ocultos do lado de fora.

Esta maldita noite eu passara em casa de meu tio materno, cuja filha, minha prima Paula, me era de muita estima e até ensaiávamos um romance meio incestuoso e certamente proibido pelos ditames de nossa família ultra-conservadora.

7 de mar. de 2010

Que hei de fazer se de repente a manhã voltar?
Que hei de fazer?
— Dormir, talvez chorar
”.



Manoel de Barros