3 de set. de 2010

Ah, sá moça, sei falar de amor não

Ah sá moça, não sei disso de amores não
Nas meninices até sonhei
Essas suspiranças vem da saudade de um certo moço
Moço bonito de um olho mais azul que nem sei igualar

Naquelas épocas o sol ainda aromava dourados em mim
Foi quando comecei a sonhar azulêncios
Foi quando vi os olhos tristes de Antônio,
Peão guapo que só, na laçada não tinha igual

Mas dia que as mãos e calos do Tonho
Brincaram nas minhas tranças
Voz macia falou baixinho
Teus cabelos são trigo e ouro Maria
E o solzinho da tarde indo embora
Riso dele calou dentro de meu coração pra sempre sá moça

Mas feito ferroada de mosquito brabo
Que me sarou o relho do pai, marca tenho na carne até hoje
E o sangue do Tonho faca levou, pai limpou na chaira
Nossa terra bebeu não

Foi a febre sá moça
Dia e noite de choro e um escuro aqui dentro

Depois? sei não
Ah, depois foi o depois
Tempo que vai e que vem
Moça não desobedece a pai não, sabe
Tempo trouxe quase esquecimento
Quase....

Escuro aqui vez em quando volta
Saudade vem sempre
Quando dia vem caindo assim devagaroso
Sol meio aquarelando o rio
Ah saudade doída doída
Do que nem sei nem vivi
Daí é a febre sá moça
É a febre
 

E o riso do Tonho ri aqui dentro
Tal qual naquele dia
No campo de trigo
Bem pertinho do pôr-do-sol
Isso a faca do pai não levou

Levou não...

2 comentários:

  1. humilde, ingenuo e lindo

    http://terza-rima.blogspot.com/

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  2. Tão inocente e lindo... história interrompida como tantas outras por aí.

    Saudade de ti.

    Beijos sangrentos da vampira Laysha.

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