26 de ago. de 2010

noturna


noturna

luar de febre e açoite
tangendo crueza e frio na noite

feito farol ferido
em cílios curvos de tempo e rímel
 luar refletido


caninos de súbito aflitos
olhos mortiços
a loba uivou longamente
de fome e fúria e dor o seu gemido

noite enluarada
fera e bela
nalguma esquina
caça ou caçador
... vaga quimera

e depois?
e depois nada
 eco de saltos na calçada

estraçalhados cristais
luar no asfalto
 sorve ilusoes quebradas
 
ri lejana e fria a lua
alma devassada e nua

é noite
e criaturas vagam
reluz a solidão da rua

algum resquícios de febre
em rubro luar
enquanto ela se vai
pés descalços
se vai
insaciadamente
 se esvai

Um comentário:

  1. Sabe de quem me lembrei? Nietzsche dizendo que diante da necessidade, todo idealismo é inútil!! Vi isso, assim mesmo, neste texto impregnado da mais insofismável particularidade da carne, e do espírito (q no creo rsrsrs)! Grande T!!!

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