10 de ago. de 2009

A noiva da dor

Vagava moribunda
Passos trôpegos
Entre velhas tumbas
A noiva da dor

Tendo por vestes farrapos
Olhos aziagos e tristes traços
A noiva da dor

Pés descalços
Rubros de lama e asco
Sangue negro
De trêmulo carpir

Em cortejo obscuro
Lamentos e murmúrios
Penadas almas
Temendo o porvir

Sentia rançosos remorsos
Amarguras e agruras
Em crucis via
A noiva da dor

Ah, pesadelo insano
Foi num lago profano
Em noite maldita
Eu bem vi a face
Da criatura sombria

Desde então vago insana
Persegue-me o terror
A face carcomida
Da noiva da dor

Na imundície se refletia
O rosto q’eu via?
Era o meu
E a noiva da dor
Sou apenas eu

Tânia Souza

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