Novembro Insano
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele novembro
Quando a febre tornou-se rotina
Os rostos avermelhados
Os olhos mortiços
Lábios rachados
O sangue fervia
A intolerância
A agonia
A ira
De um olhar raivoso
O sangue derramava-se
No ódio que o calor transmitia
Tênis grudavam-se ao chão como gosmas de mascar
As ondas de calor derreteram asfalto
Pneus não suportavam circular
Explodiam sozinhos nas rodas dos carros
As barras de metal dos gols da cidade
Em todo campo de futebol
Derretiam ao chão
Os mosquitos
Indiferentes ao calor
Se reproduziam como se sempre em fecundação
O fogo que se acendia das folhas verdes
Consumia tudo em seu caminho
As moças perderam as madeixas
Os fios esturricavam-se
Os olhos enrugavam-se
A pele queimava
E se contorcia
Em pura agonia
Os ovos fritavam nas cascas
O leite fervia nas tetas
A carne sozinha assava
Nesse forno que chamávamos de planeta
Nem mesmo a chuva
Nossa grande e esperada salvadora
Conseguia cair no chão
Pois ao cair cada gota evaporava em pleno ar
E voltava aos céus
Para se esconder novamente atrás do sol
Esse sol carrasco
Esse sol quente
Esse sol famigerado de raios inclementes
E clemência! Pedíamos a Deus!
Pois que do fogo veio as cinzas
E das cinzas veio o pó
E do pó nós viemos
Para de novo ao fogo ser pó
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele Novembro
Restando apenas uma tênue e febril memória
Dos corpos que sumiram
Derretendo junto ao pó
Do pó que viemos
E para sempre seremos
Apenas
Pó
Tânia Souza & BOI( Luciano Alencar)
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele novembro
Quando a febre tornou-se rotina
Os rostos avermelhados
Os olhos mortiços
Lábios rachados
O sangue fervia
A intolerância
A agonia
A ira
De um olhar raivoso
O sangue derramava-se
No ódio que o calor transmitia
Tênis grudavam-se ao chão como gosmas de mascar
As ondas de calor derreteram asfalto
Pneus não suportavam circular
Explodiam sozinhos nas rodas dos carros
As barras de metal dos gols da cidade
Em todo campo de futebol
Derretiam ao chão
Os mosquitos
Indiferentes ao calor
Se reproduziam como se sempre em fecundação
O fogo que se acendia das folhas verdes
Consumia tudo em seu caminho
As moças perderam as madeixas
Os fios esturricavam-se
Os olhos enrugavam-se
A pele queimava
E se contorcia
Em pura agonia
Os ovos fritavam nas cascas
O leite fervia nas tetas
A carne sozinha assava
Nesse forno que chamávamos de planeta
Nem mesmo a chuva
Nossa grande e esperada salvadora
Conseguia cair no chão
Pois ao cair cada gota evaporava em pleno ar
E voltava aos céus
Para se esconder novamente atrás do sol
Esse sol carrasco
Esse sol quente
Esse sol famigerado de raios inclementes
E clemência! Pedíamos a Deus!
Pois que do fogo veio as cinzas
E das cinzas veio o pó
E do pó nós viemos
Para de novo ao fogo ser pó
Não sei se foi o calor que nos matou
Mas morremos naquele Novembro
Restando apenas uma tênue e febril memória
Dos corpos que sumiram
Derretendo junto ao pó
Do pó que viemos
E para sempre seremos
Apenas
Pó
Tânia Souza & BOI( Luciano Alencar)
Uma ode a esse mês
Polvo somos y en polvo nos convertiremos. Bello poema, cargado de imágenes que te suspenden y te llevan. Tristes, melancólicas, y sin embargo... bellas.
ResponderExcluirUn beijo.
Diego, o calor tem sido tão perturbador por estes dias aqui na região onde vivo, que até mesmo os versos sentem isso, gracias pelas palavras, adoro suas leituras, completam o sentido do que está dito e do que poderia ser dito.
ResponderExcluirOi Tânia, passei por aqui para te fazer uma visita, que há tempos por aqui não venho. Aproveitei e li a poesia NOVEMBRO INSANO. Como você sabe, não sou expert em poesia, mas você o o boi fizeram uma poesia muito interessante e coesa. Sei perfeitamente que a poesia não precisa obedecer a coesão, mas eu prefiro as que assim são porque transmitem uma linha mais concreta de acompanhar, entende?
ResponderExcluirNOVEMBRO ISANO, além de bem escrita e pontual, lembrou-me um tema de ficção científica, pela questão apocalíptica, uma tempestade solar desmesurada, fora dos padrões normais que assola a Terra e a tudo devasta.
A poesia, neste caso, cumpriu bem a sua função de despertar a imaginação e, provavelmente inspirada neste "calorão" que ultimamente você tem sido vítima na cidade onde mora! Visualizei as pessoas literalmente derretendo!
Grande abraço, colegas!
Ei Afonso,que bom receber sua visita, valeu mesmo pelo comentário, a ideia era captar essa questão meio apocalíptica mesmo. Que bom que conseguimos.
ResponderExcluirAdorei a dinâmica do início, muito bom! É digno de panico esse nosso destino de aquecimento global, quando morreremos pelas mãos daquele que nos deu a vida, o Sol. Nada mais pertinente que isso.
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