30 de jan. de 2010

Ausência













Ausência
 Por Tânia Souza

Do vinho derramado
Só restam cacos
                        
Palavras trincadas
                       Notas sem vestígios
Asas dilaceradas

Taças desfeitas
Soluços contidos
De verbos vãos

Murmuram rubras
Canções de outrora
Lejanas declarações

É sábado
E já não vejo o sol surgir
É sábado e o sol talvez brilhe
Não para mim

Queda-me o vazio
No escuro do quarto
um abismo
o vácuo 

Infindo labirinto
Olhos perdidos em noite blues

Ai que triste
E desolada composição
As telhas desfazem-se
Serenatas de uma chuva eterna

Desbotadas e sofridas
Nossas dores tatuadas sangram

Rubro vinho desfalece
 E pálido derrama-se
     
Nas velhas paredes
    Turvas rosas choram
   Em sombra e solidão

Em (in)trincados cristais
 Coração entrelaçado vai

N’alguma madrugada
Quando a viola de cocho chora
Meus cílios brincam de orvalho

Cacos cristalinos de nos dois
E um amanhecer que não vem

Um comentário:

  1. Magnífico! Lindo demais!

    Meus parabéns pelo poema e pelo blog que cada dia está mais acolhedor.

    Beijos sangrentos da vampira Laysha.

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