1 de nov. de 2009

Velório - Por Mensageiro Obscuro

Velório: despedida, adeus, até logo, até breve, até nunca, até mais... Velório: a melancólica certeza do não mais,  explorada de forma bela e comovente neste poema do Mensageiro Obscuro. De fato, há certa beleza no adeus quando de amor se faz impregnado, mas ainda assim, adeus é sempre triste.
                        


Certos pensamentos causavam vertigem,
Escrever podia ser melhor que dizer,
Devaneios e inquietude me perseguem,
O vinho já não me causava tanto prazer.

Uma expressão triste tomava meu rosto,
Desejos, esperanças e prazer acabaram-se,
E agora no sarcófago? Resta meu desgosto!
Vida, triste existência, melhor não tê-la.

Meus sentimentos, frio punhal
Que me cortou, o frio,
Sinto o frio mortuário...
Uma dor toma meu ser.
Não há inocência,
A esperança está morta,
Aceito meu destino,
Vou morrer.

O cemitério está nebuloso e enfeitado
Com velas e flores, em lindo sarau,
Com artistas exóticos e soturnos,
Meu funeral: o fim de minhas dores!
Clamo por aventuras, eis o fim!

Da mortalha fiz capa e dancei
Dancei entre os que se foram.
Vinho, velas, neblina e artes
Embalaram o velório.

A última festa entre amigos
Que há muito tempo me deixaram,
Observei minha mumificação
E notei que já fui amado.

Mensageiro Obscuro.
Maio/2007.

Um comentário:

  1. Luana04:20

    Que triste e solitário velório, choro da alma e da morte do amor, bonitoo!!!!

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